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Glossário feminista II (via El País)

Publicado por:
Roberta Gresta
Crédito: Roya Ann Miller. Fonte: unsplash.com
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O El País publicou um pequeno glossário de termos associados ao feminismo, que ficou muito bacana!

É o básico mesmo, um be-a-bá pra auxiliar (nas conversas com) pessoas que costumo chamar de “machistas culposos”: homens e mulheres que agem conforme códigos sociais ditados pelo patriarcado sem nada questionar porque percebem esses códigos como algo “natural”. Essas pessoas não entendem qual é a do feminismo, muitas vezes, porque não percebem que o fato de a sociedade ser de uma determinada forma não significa que ela deva ser assim.

Claro que há graus diferentes da responsabilidade das pessoas que seguem vivendo – pra usar um termo do momento – em “cegueira deliberada” sobre o caráter cultural da desigualdade de gênero e o sistema de privilégios que nela se apoia. Mas, pessoalmente, acho que em uma primeira conversa sempre vale apostar na boa-fé das pessoas e supor (respira, respira, conta até 10…) que perguntas como “mas o feminismo, ou femismo, não é o contrário do machismo?” ou “qual o problema de um homem tentar explicar algo pra uma mulher se ele acha que entende mais do assunto que ela?” são dúvidas sinceras e não provocações irônicas.

Muitas vezes, basta uma resposta honesta e direta pra que o interlocutor arregale os olhos e diga “nossa, nunca tinha pensado nisso”. E a gente então percebe que o fato de haver pessoas não misóginas que ingenuamente ainda acham possível lutar pelo “humanismo, sem entrar nessa de feminismo” porque  “o caminho é unir e, não, dividir” mostra que a naturalização do machismo continua a ter tanto sucesso que a luta das mulheres contra a desigualdade é percebida por muitos como problema e, não, caminho de solução.

Vale, então, o esforço de, pelo diálogo, oferecer a machistas culposos a oportunidade de entender o básico do feminismo e se posicionar de modo consciente nesse mundo. No mínimo, não vai dar mais pra posar de desavisado ou desavisada.

Aliás, teve dúvida sobre o que é patriarcado e misoginia ou se viu fazendo as perguntas que eu destaquei acima? Olha aí como o glossário ajuda:

Patriarcado: É o sistema sociopolítico em que o gênero masculino e a heterossexualidade têm supremacia sobre outros gêneros e sobre outras orientações sexuais. Começou a ser usado nos anos sessenta e setenta, para se referir a uma sociedade na qual, além de prevalecerem os critérios dos homens (patriarcado), as pautas são ditadas exclusivamente por aqueles que consideram apenas a heterossexualidade como algo “normal”. Podemos afirmar que, hoje, é a manifestação política e visível do machismo e da rejeição às diferentes identidades e orientações sexuais.”

“Misoginia: É o ódio ou aversão a mulheres e meninas. Embora sua manifestação mais evidente seja a violência machista (seja física, psicológica ou simbólica), também a humilhação, a discriminação, a marginalização e a objetificação sexual da mulher são formas de misoginia.”

Mansplaining: Quando um homem explica algo a uma mulher, e o faz de maneira condescendente porque dá como certo que sabe mais do que ela, podemos falar de mansplaining. Rebecca Solnit cunhou esse termo em 2008 no seu ensaio Os Homens Explicam Tudo para Mim (Cultrix) para dar nome a uma situação que ela havia vivido numa festa: um homem tentando lhe esclarecer do que se tratava um livro que ela mesma tinha escrito. […]”

Femismo: Esse neologismo é usado em português para definir o “machismo ao contrário”, ou seja, a noção de que as mulheres são superiores aos homens. Costuma ser equiparado à misandria (ódio aos homens). Mas a verdade é que não existem organizações femistas, nem um movimento femista. Portanto, é uma palavra usada pejorativamente por quem se incomoda com o feminismo.”

 

 

Sobre a autora

Cresceu ouvindo que era uma menina "cheia de opinião", teimosa, atrevida e inconformada. Um dia, entendeu que esses eram seus melhores atributos pra ser uma mulher capaz de fincar pé nesse mundo de homens. Por isso, escreve.

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